Campos Neto está jogando contra a economia, acusa Lula após Copom

Campos Neto está jogando contra a economia, acusa Lula após Copom
Reprodução Lula critica presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto












Lula critica presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
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Lula critica presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou nesta quinta-feira (22) o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto , de estar "jogando contra os interesses da economia brasileira" após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter pela sétima vez consecutiva a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano .

"Eu acho que este cidadão [Campos Neto] joga contra a economia brasileira. Não existe explicação aceitável para a taxa de juros está 13,75%", disse o presidente.

Com a decisão da entidade monetária, o Brasil segue sendo o país com o maior juro real do mundo, já que a taxa permanece no maior patamar desde 2016.

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Lula está na Itália, onde concedeu coletiva à jornalistas. No encontro, ele foi perguntando se acha que há um "boicote" do BC à sua política econômica. O presidente respondeu que a atuação do BC é "irracional" e que a sociedade está descontente com a Selic.

"Não se trata de o governo ficar brigando com o Banco Central. Quem está brigando com o BC é a sociedade brasileira. A Confederação Nacional das Indústrias está brigando com o BC. A Federação das Indústrias de São Paulo, que é a maior do Brasil, está brigando com a taxa de juros. Os maiores varejistas estão brigando com a taxa de juros, os pequenos e médios empreendedores estão brigando com a taxa de juros. As pessoas que precisam de crédito para tocar a economia estão brigando com a taxa de juros", disse Lula.

"É irracional o que está acontecendo no Brasil. Você tem uma taxa de juros de 13,75% com uma inflação de 5% (ao ano)", completou.

No comunicado emitido pelo BC, não houve sinalização clara do Copom de que haverá um corte em agosto, o que frustrou as expectativas de integrantes do governo.

Lula disse ainda que "cada vez que reduz meia inflação, aumenta o juro real no país". Ele disse que "não é possível ninguém tomar dinheiro emprestado para pagar 14% ao ano, às vezes 18% ao ano".

"Nós não temos inflação de demanda. Você utiliza os juros para controlar a inflação. Quando há uma demanda muito grande, você aumenta a taxa de juros (...). Nós não temos isso no Brasil."

O presidente também voltou a criticar a lei que concedeu autonomia ao Banco Central, aprovada em 2021. O texto dá mandato de 4 anos ao presidente da entidade, intercalado com o de presidente da República. A legislação também garante que cabe ao Senado a destituição do líder da instituição.

"Eu tenho brigado com os senadores, foram eles que puseram esse cidadão lá. Esses senadores têm que analisar se ele está cumprindo aquilo que foi a lei aprovada para ele cumprir", disse Lula.

Para o presidente, Campos Neto deve cuidar "da inflação, do crescimento econômico e da geração de emprego".

"Ele tem que ser cobrado, é só isso. Quando o presidente indica o presidente do BC, quem era cobrado era o presidente. Vocês têm noção de quantos presidentes do BC o Fernando Henrique afastou? Foram três ou quatro. Agora, o presidente não pode fazer nada."

No comunicado de quarta-feira (21), o Banco Central justificou a decisão de manter a Selic, pois as expectativas de inflação ainda estão "desancoradas", ou seja, distante do cenário considerado ideal para o nível de preços.

Em um comunicado, afirmaram que a manutenção em 13,75% "por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação".

A inflação medida pelo IBGE está em 3,94% nos últimos 12 meses até maio e, neste cenário, fica dentro do intervalo de metas para 2023 — que vai de 3,25% a 4,75%.

Fonte: Economia