Recuperação de nascentes e mananciais
Pesquisadora da Epamig aponta dicas sobre replantio voltado à preservação ambiental
Dia Mundial da Água: reflorestamento é fundamental para a recuperação de nascentes e mananciais
Pesquisadora da Epamig aponta dicas sobre replantio voltado à preservação ambiental
O Brasil está entre os países com maior reserva de água doce no mundo. Só a Bacia Amazônica responde por 1/6 da água doce disponível no planeta.
Entretanto, a quantidade per capita desta água corresponde a menos da metade do que era há 50 anos. O desmatamento e o assoreamento das margens são as principais causas da morte de nascentes e rios.
A conservação das matas e o plantio de espécies vegetais nativas são fundamentais para reverter esta situação. “A nascente depende das árvores”, alerta a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Andréia Fonseca.
Segundo a bióloga, que é curadora do Herbário Pamg da Epamig, algumas orientações devem ser seguidas para a definição de espécies vegetais utilizadas no reflorestamento de áreas de nascentes e mananciais.
“A escolha das espécies para recuperação e conservação das nascentes deve ser em função da umidade do solo, que é muito variável no entorno. Antes da escolha dessas plantas, deve-se observar as três áreas comuns às nascentes: áreas encharcadas, áreas úmidas e áreas bem drenadas”, afirma.
Além disso, recomenda-se utilizar espécies ocorrentes da região em recuperação, pois estas são aptas ao clima. “Existem espécies que crescem mais rápido, são as denominadas pioneiras, que devem ser plantadas alternadas com espécies clímax, que têm desenvolvimento lento, porém vivem mais tempo”, orienta Andréia.
São exemplos de espécies pioneiras: embaúba (Cecropia pachystachya – Urticaceae), guaçatonga (Casearia sylvestris – Saicaceae) e sangra-d’água (Croton urucurana – Euphorbiaceae). Entre as espécies clímax estão: guatambu (Chrysophyllum marginatum –Sapotaceae), monjolinho (Machaerium stipitatum – Fabaceae) e massaranduba (Persea pyrifolia – Lauraceae).
“As árvores irão atrair pássaros e outros animais que trarão novas sementes que irão reflorestar a área aos poucos, além de aumentar a infiltração da água da chuva no solo e segurar a terra arrastada pela enxurrada, impedindo o soterramento da nascente”, explica a pesquisadora.
Preservação da biodiversidade
Para garantir a quantidade e qualidade da água das nascentes deve-se manter a vegetação natural no entorno delas, nos cursos d’água e na encostas, e tomar alguns cuidados no uso e preparo do solo para diminuir a velocidade das enxurradas e aumentar a infiltração de água no solo que abastece as nascentes.
“Plantas como a bananeira, cana, capim-cidreira, entre outras, podem desempenhar a função de retenção da enxurrada”, indica Andréia.
Para que ocorra uma recuperação real das nascentes é necessário que aconteça o isolamento da área, a remoção de fatores de degradação (ex.: pisoteio de gado), a retirada de espécies competidoras (como as leucenas: Leucaena leucocephala – Fabaceae), o reflorestamento com espécies nativas e a implantação de espécies pioneiras e atrativas da fauna.
A botânica Andréia Fonseca ressalta que existem pesquisas diversas e uma literatura abrangente sobre o tema.
“As pesquisas relacionadas à recuperação estão prontas, e existem muitas. É urgente aplicar os resultados destas pesquisas, para barrar a destruição destes ambientes e, também, intensificar a fiscalização destas áreas tão imprescindíveis à manutenção da vida no planeta”.
A legislação determina que não pode ser feito qualquer tipo de desmatamento, plantio de culturas ou pastagens e descarte de lixo no entorno das nascentes, a uma distância mínima de 50 metros. “Essa legislação busca impedir, principalmente, a remoção da vegetação natural no entorno das nascentes”, finaliza a pesquisadora.
AMP/press - Agência MINAS / Sindijori