Sirius e Petrobras avançam na análise de rochas do pré-sal com alta tecnologia
Parceria entre Sirius e Petrobras cria estação que acelera análise de rochas do pré-sal, usando tomografia avançada para simular condições extremas.

Sirius avança na análise de rochas do pré-sal com parceria entre CNPEM e Petrobras
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), parte do acelerador Sirius, desenvolveram uma nova estação experimental na linha de luz Mogno para estudar rochas reservatório de petróleo extraídas do fundo do oceano. A iniciativa integra a primeira fase de uma parceria entre o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a Petrobras.
Utilizando técnicas avançadas de tomografia, a nova estação gera imagens tridimensionais de alta resolução, permitindo simulações detalhadas da interação entre rochas e fluidos como óleo e gás. Esse avanço facilita o entendimento das características dos reservatórios do pré-sal e contribui para definir estratégias de exploração mais eficazes.
Com a nova infraestrutura, o tempo de análise das amostras foi significativamente reduzido. A próxima etapa da pesquisa prevê o desenvolvimento de métodos inovadores para o pós-processamento do grande volume de dados gerado pelas tomografias.
O Sirius é um dos mais avançados aceleradores de elétrons do mundo, produzindo luz síncrotron capaz de revelar estruturas microscópicas em escala nanométrica. A linha Mogno, projetada especialmente para pesquisas em petróleo, permite "enxergar dentro" das rochas em detalhes tão pequenos quanto 200 nanômetros — uma dimensão muito menor que uma bactéria e apenas cerca de 200 vezes maior que o DNA humano.
Segundo a pesquisadora Nathaly Archilha, responsável pela linha Mogno, "em breve será possível submeter as amostras a diferentes condições mecânicas, térmicas e químicas, acompanhando suas alterações em tempo real". A microestação conseguirá simular as mesmas condições extremas da camada do pré-sal, algo ainda inédito em escala mundial.
Atualmente, a estação permite a análise simultânea de até 88 amostras cilíndricas de 1,5 polegada (cerca de 38 mm) de diâmetro. As primeiras medições ocorreram em novembro de 2024, com participação presencial de equipes da Petrobras, e o projeto foi finalizado em março de 2025. A expectativa é que a estação esteja disponível para a comunidade científica e para empresas a partir de 2026.
A Petrobras planeja utilizar os dados gerados para criar um banco digital de rochas, que será associado a algoritmos de inteligência artificial para caracterizar estruturas geológicas e realizar simulações avançadas de recuperação de óleo.
Além da Petrobras, a Equinor já firmou parcerias com o CNPEM para novos projetos na linha Mogno, focados em tomografia 4D — técnica que possibilita observar o fluxo de fluidos em meios porosos sob condições similares às do pré-sal brasileiro.
Nathaly Archilha destacou ainda que "a linha Mogno investiga principalmente a estrutura física das rochas, enquanto outras linhas de luz do Sirius complementam essas análises com estudos químicos e mineralógicos".
O Sirius, localizado em Campinas (SP), mantém seu acesso aberto a universidades, centros de pesquisa e empresas do mundo inteiro. Pesquisadores que tornam seus dados públicos têm acesso gratuito às estações experimentais. Já usuários que optam por manter os dados sob confidencialidade podem utilizar a estrutura mediante pagamento. Os editais de submissão de propostas são publicados semestralmente no site oficial do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).