Vem aí um ACORDO TRABALHISTA para a safra de CAFÉ!

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20/05/2023  -  COMENTÁRIO SEMANAL - CAFÉ

Joseph Reiner(*)

O mercado fechou base Julho em 192 centavos sexta-feira, contra um fechamento sexta-feira retrasada de 182,85, com um ganho de quase 10 centavos. Na verdade, o grande suporte deste mercado de Arábica esta vindo de Londres.

Com a quebra da Indonésia e o final da safra Vietnam, o aumento do uso de Robusta em média global perto dos 50% começou a mostrar a cara. O mercado de NY nem chegou perto de testar o bom suporte em torno dos 178 centavos e rapidamente voltou a testar os 193 centavos. Fechou a semana um pouco abaixo, mas tecnicamente esta armado para testar os 199 centavos, desde de que o suporte de Londres continue… o que parece acontecer.

Os estoques certificados continuam deslizando para as 600 mil sacas, e mesmo com os diferenciais lavados mais fracos, a bolsa continua o pior comprador. A equação pode mudar, se e quando os diferenciais Brasil começarem a encaixar. Fora isto, no macro nenhuma grande novidade, à não ser os dados da economia chinesa que vieram abaixo da expectativa.
O câmbio continua pendurado na questão do possível “calote“ do governo americano. As negociações se arrastam.

Nos fundamentos, a demanda de Arábica no FOB continua relativamente fraca, mas já observamos negócios de bebidas médias (good cup) na faixa de NY -12 para embarque Julho e Agosto.
No spot sempre existe o interesse, pois a maioria dos torradores trabalham com baixos estoques, porém as ideias de preços não evoluem junto coma Bolsa. A decisão é financeira e não de qualidade… mesmo subindo, o Robusta continua nominalmente mais em conta. Com a safra Brasil entrando não esperem mudanças significativas nos blends.

A colheita começa no Brasil. “No Arábica temos um início de colheita bem tímido. Talvez 15 ou 20% já colhendo, mas deve aumentar a cada semana e, pelo dia 10 de Junho, devemos ter a grande maioria dos produtores já colhendo”, afirmou Moisés Alves, Eng° Agrônomo e consultor da RR Consultoria Rural, com sede em Alfenas, sul de Minas Gerais.

A CONAB divulgou atualização da nova safra, com estimativa de 37,8 milhões de sacas. Pode-se dizer que o efeito deste número para o mercado lá fora é muito limitado.
Em outra novidade, o GCA (Green Coffee Association) anunciou que não mais estará divulgando os volumes mensais nos armazéns nos portos americanos. O impacto disto no mercado é zero, e não faz aumentar a demanda nem diminuir a produção. Estes dados são originários de particulares, e já não eram lá muito levados a ferro e fogo.

Se muitos consideravam um bom “farol“ da demanda, agora teremos que prestar mais atenção nos relatórios de mercado de empresas torrefadores listadas.

Por fim uma boa notícia vinda da capital: Depois de muitos anos em busca da solução do problema da contratação de mão-de-obra safrista para a cafeicultura, o Conselho Nacional do Café (CNC) e o Governo Federal chegaram a um denominador comum. Trata-se do “Acordo pela adoção de boas práticas trabalhistas e condições de trabalho decente na cafeicultura no estado de Minas Gerais”.
A divulgação da íntegra do documento será feita na data da assinatura. Ela não havia sido realizada anteriormente em razão das tratativas e alinhamentos entre o CNC e os ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) nas últimas semanas”.

O mercado de Arábica passa por um bom momento técnico muito pelo suporte de Londres. O viés é positivo também pelo volume que os Fundos podem voltar a aportar, bem como que toda família “Softs“ (cacau, açúcar, etc…) tem se mantido firme e com boa presença comprada dos fundos. Porém, do ponto de vista dos fundamentos, os diferenciais vem alargando, o torrador não está em desespero atrás do mercado, e a demanda no momento é neutra. Momentos de mercado técnico devem ser bem aproveitados.

Boa semana a todos e boa sorte aos Ucranianos!

(*)Joseph Reiner tem 36 anos de mercado em exportação e empresas de varejo. Atuou também no gabinete do Ministro Blairo Maggi e hoje atua em Conselhos, além de ser produtor de café no Sul de Minas.

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