Brasil Enfrenta Consequências pelo Atraso na Implementação de Política Industrial

“O Brasil já perdeu muito tempo e desperdiçou muitas oportunidades. As consequências de não se ter uma política industrial estão todas aí”

Brasil Enfrenta Consequências pelo Atraso na Implementação de Política Industrial






























Brasil Enfrenta Consequências pelo Atraso na Implementação de Política Industrial, Afirma Vice-Presidente da CNI

Nova Indústria Brasil Pode Impulsionar Crescimento Econômico e Bem-Estar, Mas Requer Colaboração e Prioridade nas Políticas Verdes

A falta de políticas públicas para apoiar e valorizar a indústria nacional tem contribuído para o baixo crescimento econômico do Brasil nos últimos anos. Esse alerta foi dado pelo vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Leonardo de Castro, durante o Seminário "Políticas Industriais no Brasil e no Mundo", realizado em Brasília nesta terça-feira (6).

“O Brasil já perdeu muito tempo e desperdiçou muitas oportunidades. As consequências de não se ter uma política industrial estão todas aí”, afirmou Castro. De 2013 a 2023, o PIB brasileiro apresentou um crescimento médio de apenas 0,5% ao ano. No mesmo período, a agropecuária cresceu 3,3% ao ano, os serviços 0,8% ao ano, enquanto a indústria encolheu 1,8% ao ano.

Leonardo de Castro destacou que a nova política industrial, chamada Nova Indústria Brasil (NIB), anunciada em janeiro de 2024, tem o potencial de gerar crescimento econômico e bem-estar para a população. No entanto, esse objetivo só será alcançado com a união de forças entre governo, indústria e academia, além da priorização de políticas verdes.

“A NIB vem preencher essa lacuna com um projeto que parte das demandas atuais da sociedade brasileira e mobiliza a indústria a buscar soluções para esses desafios. Portanto, o momento é de unir forças no governo, no setor empresarial e na academia para implementarmos uma política industrial que promova efetivamente o crescimento econômico e o bem-estar da população”, disse Castro.

Na ocasião, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, elogiou o diálogo promovido pela CNI e enfatizou a importância da valorização da indústria nacional para o crescimento do país. “Sociedade civil organizada faz diferença. Então, é importante ter sociedade civil organizada, diálogo e debate. Quem ouve mais erra menos. Não tem desenvolvimento social, econômico, ganho de renda, salários de melhor valor se não tiver indústria. A indústria agrega valor e ela está na ponta da vanguarda tecnológica”, afirmou Alckmin.

Políticas Verdes

Atualmente, 83,7% da energia do país é proveniente de fontes renováveis, enquanto a média mundial é de 29%. Leonardo de Castro ressaltou que a nova política industrial deve considerar a produção de energia verde como uma vantagem competitiva. “Devemos trabalhar para usar as fontes renováveis como uma importante vantagem competitiva. Por meio da biotecnologia e da descarbonização de processos produtivos, será possível agregar mais valor à produção de setores como combustíveis minerais, produtos químicos, fertilizantes, cosméticos, farmacêuticos, plástico, celulose, papel, cerâmica, vidro, aço, ferro e alumínio, dentre vários outros setores que têm energia como um dos insumos intensivos. Além da crescente oferta de energia eólica, solar e de outras fontes renováveis, o Brasil tem projetos ambiciosos para a produção de hidrogênio de baixo carbono”, explicou Castro.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dário Durigan, também presente no seminário, destacou que o governo reconhece a importância da indústria para o crescimento econômico do país e está investindo na descarbonização da economia. “Tudo que for possível ser feito, na maior velocidade possível dentro dos nossos limites, a gente vai fazer. E a indústria está em primeiro lugar. Acabamos de aprovar a lei do hidrogênio verde, com uma série de incentivos a essa cadeia. Fizemos o Mover; fizemos a depreciação acelerada. E apostar na indústria, a gente tem certeza que é o correto para ser feito no país”, afirmou Durigan.

Sancionado em junho deste ano, o programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) estimula investimentos em novas rotas tecnológicas e aumenta as exigências de descarbonização da frota automotiva brasileira. Enquanto a Lei de Depreciação Acelerada (que deve ser regulamentada em breve, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin) concede incentivos fiscais para a modernização das máquinas da indústria. O marco legal do hidrogênio, sancionado no último dia 2, traz uma série de iniciativas para desenvolver essa indústria no Brasil.