Procafé alerta sobre abandono da atividade em MG

Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, e vem sofrendo a dois anos com intempéries climáticas. Situações difíceis colaboraram para a queda de produtividade nesse período e também ligam um alerta para o abandono da atividade no estado, conforme destacou a Fundação Procafé.

Procafé alerta sobre abandono da atividade em MG












Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, e vem sofrendo a dois anos com intempéries climáticas. Situações difíceis colaboraram para a queda de produtividade nesse período e também ligam um alerta para o abandono da atividade no estado, conforme destacou a Fundação Procafé.

No ano de 2020, Minas registrou seca na pré-florada, que antecipava a safra 21. Neste ano, a frustração de safra esteve associada a geada e a seca registrada em 2021. E com o atual cenário de déficit hídrico e de chuvas de granizo em muitas regiões do estado, uma nova frustração é prevista para a safra 23.

“Para 2023, além do déficit hídrico, estamos tendo algo inimaginável no Sul de Minas, uma quantidade de chuva de granizo jamais vista na história da cafeicultura nacional. O cafeicultor está em uma situação complicada, ele vem de frustração de safra em dois anos seguidos e já partiu para uma frustração de safra em 2023”, ressalta o pesquisador da Fundação Procafé, Alisson Fagundes.

A chuva de granizo registrada nesta semana, não foi novidade, somente no mês de outubro, outras três chuvas do tipo atingiram os cafeeiros. Segundo o levantamento da Emater, feito na ocasião, 16,8 mil hectares de lavouras no estado foram atingidas em 63 municípios, no mês de outubro. “Nós achamos que o problema tinha passado, e ai essa semana tivemos várias chuvas de granizo em várias áreas, como Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Mogiana Paulista e Zona da Mata. Uma situação inimaginável em toda história da cafeicultura nacional”.

A Emater de Minas Gerais que está trabalhando em um levantamento sobre a situação das lavouras atingidas nesta semana, destacou que a cafeicultura no estado já vem enfrentando dificuldades climáticas há algum tempo e queda na produtividade é uma realidade entre os produtores. A safra 2021 ficou em 22,03 milhões de sacas. Um número que corresponde a 44% da produção nacional. A safra deste ano, que ficou em 21,45 milhões de sacas, completa o cenário mostrando os impactos negativos das intempéries climáticas nos últimos dois anos.

Abandono da atividade e a expectativa para safra 23 

O abandono da atividade é possibilidade que não estaria distante caso a situação na cafeicultora não melhore. O pesquisador da Fundação Procafé, ressalta a soma da queda significativa nos preços com a situação das lavoura, que desanima ainda mais o produtor.  “Tudo isso tira o ânimo total do cafeicultor e eu acredito que existe a possibilidade de muitos produtores abandonarem a cafeicultura em um curto prazo, se não houver uma reversão do quadro de preços com grande rapidez”.

Alisson ressalta que a troca de atividade na cafeicultura mecânica pode ter uma troca de atividade muito rápida, isso em parte no Sul de Minas e Zona da Mata. Nas demais regiões, onde se prevalece a grande maioria da cafeicultura manual, a troca da cafeicultura por outras culturas, pode ocorrer. “Não é uma questão de opção para o cafeicultor, o cafeicultor ele não tem o que fazer, ele frustrou safra em 2021, em 2022 e está indo para uma nova frustração de safra em 2023. Ai ele perde suas condições básicas para fazer suas despesas fundamentais. Fica extremamente complicado, o cafeicultor continuar na atividade cafeeira. O que poderemos ver, é ele mudar para uma nova atividade, um cereal, como, soja ou milho, onde ele tenha uma receita mais rápida. Mas repito, não é uma opção, é falta de opção”, destaca Alisson.

O Secretário de Agricultura Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, pontuou que apesar das dificuldades climáticas a expectativa é de uma safra melhor em 2023. “Esperamos superar esses desafios com clima na safra 23”.  Vale lembrarmos que o café é cultivado em 451 municípios de Minas e em área de 1,3 milhão de hectares, com 99% dos grãos classificados como do tipo arábica.

Autor: Leonardo Assad Aoun / Rede Social do Café

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