Eleições 2024: PT e Esquerda Perdem Força nas Capitais e Grandes Cidades

Entre as capitais, o resultado foi especialmente desafiador.

Eleições 2024: PT e Esquerda Perdem Força nas Capitais e Grandes Cidades




Eleições 2024: PT e Esquerda Perdem Força nas Capitais e Grandes Cidades









Apesar de um leve crescimento comparado a 2020, o PT, partido do presidente Lula, apresentou um desempenho muito aquém de seus melhores anos nas eleições municipais de 2024. Historicamente, o partido chegou a eleger mais de 600 prefeitos em 2012, durante o governo de Dilma Rousseff. Este ano, o número foi de apenas 252, mostrando uma expressiva perda de representatividade em várias regiões do país.

Entre as capitais, o resultado foi especialmente desafiador. Em Teresina, o candidato petista Fabio Novo conquistou 43,26% dos votos, mas não avançou para o segundo turno, sendo derrotado por Silvio Mendes (União). Em Goiânia, Adriana Accorsi, também do PT, ficou em terceiro lugar com 24,44%. Entre as grandes cidades (com mais de 200 mil habitantes), o PT venceu em apenas sete, com uma delas ainda sob análise judicial, incluindo Fortaleza, única capital onde o partido saiu vitorioso, contrastando com 2020, quando não conquistou nenhuma capital.

Desafios Programáticos e Perda de Conexão com o Eleitorado

Para o cientista político Eduardo Grin, a esquerda enfrenta um enfraquecimento nos valores que norteiam seu discurso, particularmente nas propostas do PT, que não mais refletem a realidade atual. Segundo Grin, a narrativa ainda centrada em classes sociais e sindicatos não se ajusta às demandas de uma juventude mais orientada ao empreendedorismo e a novas oportunidades econômicas. “Existe uma desatualização programática, com uma visão que não dialoga com as necessidades atuais, sobretudo com os jovens, que têm grande interesse em empreender”, afirma.

Declínio Geral da Esquerda e Ascensão do Centro e Direita

A performance fraca da esquerda é notável quando analisamos o conjunto de prefeitos eleitos pelos principais partidos de esquerda, totalizando 786 prefeitos, um número abaixo do que partidos como PSD e MDB alcançaram sozinhos. No Nordeste, historicamente uma região de apoio sólido à esquerda, o cenário mudou: das nove capitais, seis elegeram candidatos de direita, uma de centro e apenas duas de esquerda, marcando uma queda significativa em relação a 2020.

Influência do Conservadorismo e do Identitarismo

Grin aponta ainda que o embate entre pautas identitárias e valores conservadores fortaleceu a direita, explorando temores de perda do estilo de vida tradicional. “O identitarismo acaba reforçando o conservadorismo e, como o eleitorado brasileiro é majoritariamente conservador, isso cria terreno fértil para a direita explorar receios sobre mudanças no modo de vida tradicional”, analisa Grin, explicando parte do respaldo popular à narrativa de direita.

Panorama Ideológico por Estado

Segundo um levantamento da Nexus, os estados de Mato Grosso, Tocantins e Mato Grosso do Sul são majoritariamente governados por partidos de direita. Em Alagoas, Pará e Acre, predominam partidos de centro, enquanto Ceará, Paraíba e Espírito Santo estão sob o comando de siglas de esquerda. Esses dados ressaltam uma nova configuração política no Brasil, com um cenário que aponta para a fragmentação da esquerda e o fortalecimento de tendências de centro e direita no comando municipal.

Este cenário demonstra a dificuldade da esquerda em expandir sua influência nas eleições locais, mesmo com a retomada de Lula à presidência, destacando a preferência do eleitorado por uma política menos polarizada e voltada à estabilidade e ao crescimento econômico em diversas regiões do país.