Vírus Mpox começa a PREOCUPAR
As amostras biológicas coletadas pelos municípios podem ser enviadas para um dos 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) ou para um dos três laboratórios de referência nacional que realizam o diagnóstico para Mpox. Segundo o Ministério da Saúde, todo o país está abastecido com insumos para a testagem.
Ministério da Saúde recomenda vigilância local de casos de Mpox por estados e municípios
O Brasil registrou 709 casos confirmados ou prováveis de Mpox em 2024, com uma média de 40 a 50 novas infecções por mês, de acordo com o Ministério da Saúde. Em agosto de 2022, quando o país enfrentou um pico da doença, foram registradas mais de 40 mil notificações. Um ano depois, em agosto de 2023, esse número caiu para pouco mais de 400.
A Mpox ou "varíola dos macacos" como é popularmente conhecida, é uma doença viral, e a transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato com lesões de pele de pessoas infectadas. A infecção causa erupções que geralmente se desenvolvem pelo rosto e depois se espalham para outras partes do corpo.
Quarta-feira (14), a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o surto de Mpox em curso na África constitui uma emergência de saúde global. A entidade convocou o comitê de emergência para discutir a situação, devido ao receio de que uma cepa mais perigosa do vírus, o clado Ib, tenha se espalhado para quatro províncias anteriormente não afetadas na África.
Durante o webinário "Situação Epidemiológica e Resposta à Mpox no Brasil", realizado nesta terça-feira (13) pelo Ministério da Saúde, o diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública, Márcio Garcia, afirmou que o Brasil não está em uma situação de emergência de saúde pública, mas recomendou que estados e municípios intensifiquem a vigilância local dos casos.
“Precisamos estar atentos para fortalecer nossa vigilância e nossas estratégias de detecção, de modo a garantir uma identificação oportuna, caso o cenário epidemiológico no Brasil venha a mudar. É fundamental destacar a importância das vigilâncias em nível local, nos municípios e estados. Cada local se organiza de maneira diferente. No Ministério da Saúde, a vigilância de Mpox está sob a responsabilidade do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose e Hepatites. Respeitamos a autonomia dos municípios e estados”, enfatizou Garcia.
As amostras biológicas coletadas pelos municípios podem ser enviadas para um dos 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) ou para um dos três laboratórios de referência nacional que realizam o diagnóstico para Mpox. Segundo o Ministério da Saúde, todo o país está abastecido com insumos para a testagem.
Mpox
A Mpox é uma doença viral zoonótica, o que significa que a transmissão pode ocorrer tanto pelo contato com pessoas e materiais contaminados quanto com animais silvestres infectados. Os principais sintomas incluem:
- Lesões na pele ou erupções cutâneas
- Ínguas
- Febre
- Dores no corpo e de cabeça
- Calafrios e fraqueza
A infectologista Joana D’arc Gonçalves explica os sintomas:
“No início, os sintomas são inespecíficos, como febre, mal-estar, dor de cabeça e dor no corpo. Depois de alguns dias, a febre diminui e começam a surgir manchas no corpo, que evoluem para bolhas. Essas bolhas, por sua vez, formam crostas que acabam caindo com o tempo. As feridas são comumente encontradas na palma das mãos e planta dos pés, mas podem aparecer em todo o corpo, inclusive na mucosa oral, vaginal e órgãos genitais. Os sintomas variam de leves a graves, e em alguns casos, a doença pode ser fatal.”
O tratamento consiste em medidas de suporte clínico para aliviar os sintomas e prevenir complicações. “Para pacientes com infecções graves e disseminadas, alguns hospitais têm utilizado antivirais como o tecovirimat, embora ainda estejam em estudo a eficácia e a segurança desses tratamentos”, explica a infectologista.
Prevenção e Vacina
Como a transmissão do vírus Mpox ocorre por meio de contato com gotículas e outras secreções respiratórias, a principal recomendação é que pessoas infectadas permaneçam em casa.
“Para aqueles que estão doentes, a recomendação é que fiquem em casa até que as crostas das lesões caiam e as feridas sequem. Também é importante evitar tocar em objetos e cobrir as lesões para não contaminar o ambiente. Se for necessário sair e ter contato com outras pessoas, o ideal é usar máscara para evitar a disseminação de gotículas infectantes”, orienta a doutora Joana D’arc.
Para aqueles que não estão infectados, a doutora Joana D’arc recomenda a vacinação. Atualmente, o imunizante contra a Mpox está disponível gratuitamente no SUS para pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença, como:
- Pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA): homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais com idade igual ou superior a 18 anos, e com status imunológico identificado por uma contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses;
- Profissionais de laboratório que trabalham diretamente com Orthopoxvírus em laboratórios com nível de biossegurança 2 (NB-2), de 18 a 49 anos de idade;
- Pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de indivíduos suspeitos, prováveis ou confirmados para Mpox, cuja exposição seja classificada como de alto ou médio risco, conforme as recomendações da OMS, mediante avaliação da vigilância local.